MOMENTOS,

Detalhes de uma Vida

domingo, julho 06, 2014 Paralelo das Letras 0 Comments



A solidão bate forte, em forma de uma dor quase física. Os olhos fitos no horizonte, como se na esperança que a luz dos seus olhos surgisse do nada vinda além do alcance dos seus olhos já marejados pelas lagrimas que tenta conter, quase sem conseguir.  Em sua mente borbulham palavras que já não compreende se ainda tem algum valor, ou foram coisas ditas em momentos fortunos que sua mente insiste em não esquecer. O pôr do sol vai chegando devagar ao horizonte como um belo convite em tons laranja para que a noite chegue e reine sobre a noite, mas nem mesmo a beleza de tal animador fenômeno faz com que a solidão deixe seu coração. É como se ela agora já fosse companheira fiel que reluta em deixar o outro sem sua presença. Visto por sua janela o mundo parece enorme e ele ainda menor em sua mente. O som de sua família conversando animadamente na sala não lhe parece convidativo para se juntar a eles. Todos os assuntos do mundo não lhe parecem importante quando há tanto sentimento de falta, solidão e dor em seu peito. Sente como se tivesse todo o resto tivesse se expandido sem dar a ele a permissão de acompanhar. Ele que sempre se orgulhou de ser parte de algo maior que ele, de contribuir ativamente para todos os projetos que o cercava e permeava sua vida, agora já não faz parte de nada disso, e o pior julga ser isso o certo.


Ninguém pode realmente conhecer o significado de algo sem que tenha tido uma real experiência sobre o assunto. Os medos podem muitas vezes nascer do nada, mas depois de instalados na mente humana eles transformam tudo, conseguem como poucas coisas destruir a confiança e a alma de quem não está pronto para conte-los e usa-los como motor para promoção de fortalecimento pessoal. A solidão é a prima mais matreira do medo, pois quase sempre ela traz o primo junto consigo. Pensamentos randômicos como estes passam constantemente em sua mente enquanto assiste o dia ceder lugar ao crepúsculo e então a noite enfeitada pela lua e iluminada pelas luzes faiscantes da cidade. As luzes noturnas trazem consigo um sentido de nostalgia enorme, muito louvado pelos boêmios poetas e cantores, mas extremamente pesaroso para um solitário admirador do mundo. Dói saber que a pessoa que outrora foi o motivo de seu sorriso, naquele momento pode estar inspirando sorrisos em outros lábios.  Na casa agora tudo é quietude, só a luz do televisor pode ser visto piscando na sala. O mundo se prepara para adormecer e ele sabe que mais uma noite terminará sem que o terrível sentimento tenha fim. Fecha a janela, olha as horas, a noite esta começando e mais uma vez terá que esconder seus sentimentos e mostrar um sorriso que não é seu, mas que agrada a todos que veem. Quem sabe amanhã traga um novo sentido de Carpem Die, ele torce para sim, pois hoje tudo que ele não quer é aproveitar o momento como esta. Quer modificação do estado terrível que se encontra. Que superação e motivação, que infelizmente não sabe onde encontrar. Quer o mundo que não tem, e o dia que nunca nasceu para ele.  Quer amor sem cobrança ou medos. Quer vida sem segredos, paixão sem autodestruição. Quer sonhos com realização. Tudo pra viver sem essa pressão no peito.  No entanto por hora tem cumprir seu papel e demostrar força e realização. Felicidade e paz inventadas em sua mente. Detalhes que todos querem esquecer para parecer bem. São só detalhes de uma vida, e nada mais.

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