#M.E.L,

Garoto versus Sentimento

quinta-feira, fevereiro 19, 2015 Paralelo das Letras 0 Comments

Sabe aquela sensação incômoda de segurar o choro que queima as pupilas tentando encontrar a liberdade da emoção?  Que traz junto a si a leve tensão do rosto que repucha a pele ao encontro do ouvido?  Com certeza sabe né,  talvez não a descreva desta forma,  mas já a sentiu tenho quase certeza. Ou talvez não caso seja uma mulher,  porque as garotas seja qual for sua idade,  não são versadas desta bobeira de conter sentimentos. Podem até ser serem acusadas de prolixas,  mas não de reterem o que sentem. E são mesmo um turbilhão de sentimentos, ao ponto de não haver quem as possa acompanhar com exatidão neles. Mas não vamos nós nos fazermos prolixos permeando em muitos assuntos, atentemos então ao que importa no momento. A contrariada ou será contrariante sensação de prender o choro que precisa ganhar vazão. Pois bem,  era assim que Lucas se sentia ao ler as palavras na tela de seu celular,  elas vinham da garota que seu coração escolheu para amar. Bem que queria poder dizer que ele não tinha qualquer esperança que Gabriela o amasse em algum momento. Sem dúvidas todas as variáveis eram contra ele mesmo quando não colocava na equação as centenas de quilômetros que os separavam, isso porque sempre pairava sobre sua cabeça o fato dos anos que tinha a mais que ela, assim como a qualidade mais admirável da garota,  ela tinha um plano traçado para sua vida,  que tratava de os separar ainda mais. Existia ainda o fato dele não saber se conseguia inspirar amor  a garota,  mas isso se tornava muito pequeno quando se comparava as outras variáveis de uma equação tão complexa.

Era certo que eram amigos,  bons amigos que confidenciavam um ao outro,  suas vidas eram tão abertas um para o outro quanto os livros que ele devorava com tanto afinco. Existem coisas na vida que são impossíveis,  para Lucas olhar os olhos azuis brilhantes de Gabriela nas fotografias e não se apaixonar era uma destas coisas impossíveis. Mesmo nas duas tentativas fracassadas que fez de esquece-la,  era seus olhos e personalidade que ele  buscava nas outras,  e como já sabem não deu certo. Seja porque cada pessoa é única,  e isso incluia Gabriela,  Seja porque não há como substituir um amor de verdade,  o fato era que amar a garota era seu combustível e qualquer outra coisas parecia muito errado e decepcionante demais.

É agora ali estava ela colocando sobre a mesa por mensagem de texto todas as condições e variáveis de uma equação que povoavam a mente do rapaz. A cada palavra lida sua garganta ia mais e mais se assemelhando ao solo de um deserto sob o sol do meio dia,  e seus olhos ardiam ao conter as lágrimas que mereciam ser derramadas sobre seu velho travesseiro. Se sua garganta estava seca como o deserto,  suas lágrimas seriam a chuva ácida que molharia o mesmo deserto ao cair da noite.  E então ele um amante das palavras escreveu as únicas que jamais desejaria escrever: Eu sei que não daria certo! Aquelas palavras queimavam sua retina ja mareada da chuva ácida que em breve se tornariam enchurrada. Mas como ele poderia acreditar nas palavras que escrevia se em sua mente desejava ardentemente que não fossem verdade.  Talvez mesmo ele sendo o mais velho da conversa, fosse o que menos sabia da vida,  há sempre estas surpresas,  mas ele sabia de algo afinal e isso era uma das grandes verdades que conhecia e tinha em si.  Não importava se as palavras o traía querendo faze-lo pensar que não tinha jeito pros seus sentimentos. Elas eram sua melhor companheiras,  e ele as amava,  mas ele não iria desistir. Não sem usar todo seu repertório de palavras.

Será que existe em algum lugar do céu alguém responsável por escolher por quem iremos nos apaixonar?  E se existe qual é o lance por trás de fazer escolhas tão complicadas?  Poderia ao menos fazer pares certos,  se um cara se apaixonar por uma moça,  ela deve se apaixonar por este mesmo rapaz. Isso deveria ser o padrão,  ou não?  Pelo menos evitaria a incertezas como a de Lucas. Talvez você diga que a  vida não é feita de certezas,  e terá razão,  mas por acaso a vida se extingueria se houvesse apenas uma certeza? Não,  é certo que não mesmo. E enquanto a certeza não vem multiplicam-se os marmanjos a conter suas lágrimas de amor não correspondido.  Lucas é apenas um destes milhares. Mas quem sabe o final da história?

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