#M.E.L,

O Nada

quinta-feira, junho 18, 2015 Paralelo das Letras 0 Comments




Não feche os seus olhos, para não mais ver a minha imagem.
Não diga que não quer lembrar-se das palavras outrora ditas.
Não finja que acabou aquilo que nunca teve chance de começar.

No principio era o nada. E isso era tudo que tínhamos.
Depois vieram as palavras, e se tornaram o que mais significava.
E então novamente o nada, entrecortado de sombras.

Quando o frio se fez calor para aquecer o coração gelado.
Quando eufemismos se tornaram a única forma de representar o não dito.
Quando o que não tínhamos, se tornou mais importante, do que aquilo que estava conosco.

Negra escuridão se fez a clara luz do dia.
Gritos e choros romperam como em gritos de alegria.
Tristeza alegre para a alma chorosa.

Medo esperançoso do porvir.
Certeza dúbia no amanhecer do novo dia.
Cuidado sem presa de sanar a dor.

Então tudo se tornou nada.
E o nada era tudo que tínhamos para lembrar.
Da tarde de copiosos olhares furtivos.

Mas que acabou sem avisar.

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