CONTO,

O Fim

sexta-feira, outubro 17, 2014 Paralelo das Letras 0 Comments

Foi à coisa mais bonita que sentiu em sua vida. Cada momento sempre estará vivo em sua memoria, mesmo que outras histórias aconteçam.  Que outros amores sejam vividos. As sensações futuras podem ser de alguma forma similar, mas nunca as mesmas. Cada história vivida deixa uma marca única, e as que ficaram nele após o termino desta fase de sua vida foram profundas e prazerosas de serem fixadas nele. 

O amor é algo louvado por muitas pessoas, e igualmente desejado por outro tanto. Muitas vezes ao se deparar com uma história de amor é natural que desejemos viver algo tão intenso e vivo como o experimentado por aquele casal. Mas isso não é possível, pois aquela história de amor é carregada das singularidades e pluralidades daquelas pessoas. É uma formula que só dá certo porque tem em si os defeitos, qualidades e a essência do casal. Então não pode ser replicado por outras pessoas.

A história de amor vivida por Gustavo era uma história de amor simples. Ele um cara modesto, com algumas paixões modestas, amante dos livros e das palavras. Sempre brincando de parafrasear sentimentos em textos e contos. Muitas vezes vencido pelo jeito introspectivo ao falar, mas desenvolto no escrever. Um cara da palavra escrita! Quando se deparou com a garota que veio a ser o objeto de seu amor e desejo encontrou para si alento e inspiração para seus textos. Ela se tornou a luz para suas ideias de amor, com seu jeito firme e simples de ser. Sua admiradora, e em muitos momentos entusiasta. Quilômetros e mais quilômetros os separavam, estavam longe para se tocar a todo instante, mas ele a alcançava na terceira dimensão frequentada apenas pelos amantes. Quando falando com ela era nesta dimensão que se encontrava. E lá não havia limites para amar, as palavras dele chegavam até ela, tocava-lhe os olhos e o coração. Sem barreiras de tempo e espaço.

Às vezes lhe vinha da duvida: É apaixonada por mim? Ou por minhas palavras? De qualquer forma era mesmo, pois nem mesmo ele poderia separar-se de suas palavras, elas eram puramente ele. Mas se as palavras doces e bem escritas em prosa e verso a conquistava, como agiria ao conhecer seus defeitos, sua arrogância e prepotência que todo ser humano traz em si? Então tinha medo de não ser o bastante para ela. Mas tentava sempre confiar no que ela sentia, e principalmente no que era sentido por ele.

Admiradores de sua escrita nunca lhe faltavam, de alguma forma apesar de serem poucos, sempre tinha alguém para gostar do que ele escrevia em de forma simples. Dela desejava o amor por completo com seus defeitos e qualidades.

E então veio o fim! Muitas coisas foram ditas, nenhuma chegou a ser mentira, mas também não chegaram a ser a completa face da verdade. Foram palavras gentis. Ele inspirava paixão nela, fazia muito bem, mas ela não conseguia se sentir a vontade no momento para viver em um relacionamento, mas continuava apaixonada por ele, que era um cara completo, inteligente, gentil, educado, romântico, um homem completo. Ela era a garota que sempre pareceu perfeita para ele, mas nunca chegou a ama-lo como ele amou. Ele disse que tudo bem, que ela fazia o certo, que agir de qualquer forma era continuar a trair a ela mesma, o que era verdade. Que poderia continuar amigos e tudo mais. E ela então disse a frase mais clichê: O problema era com ela, não com ele que sempre foi tudo de bom.  Talvez pela primeira vez em muito tempo na história da humanidade esta frase fez total sentido. Afinal ele tinha oferecido tudo que de melhor tinha, dedicou amor, compreensão, desejo e companheirismo, ele escreveu as mais belas cartas de amor e foi gentil. Logo se o fim chegou o problema que levou a isso não foi da parte dele, que se esforçou ao máximo, então só restava ela, que não pode se contentar com o mundo dele.


O fim chega de muitas formas, e não há muito que pensar sobre ele. Ele simplesmente acontece, como tudo na vida. E Gustavo pode entender isso!

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