CONTO,
O Fim
Foi à coisa mais bonita que sentiu em sua vida.
Cada momento sempre estará vivo em sua memoria, mesmo que outras histórias aconteçam. Que outros amores sejam vividos. As sensações
futuras podem ser de alguma forma similar, mas nunca as mesmas. Cada história
vivida deixa uma marca única, e as que ficaram nele após o termino desta fase
de sua vida foram profundas e prazerosas de serem fixadas nele.
O amor é algo louvado por muitas pessoas, e
igualmente desejado por outro tanto. Muitas vezes ao se deparar com uma
história de amor é natural que desejemos viver algo tão intenso e vivo como o
experimentado por aquele casal. Mas isso não é possível, pois aquela história
de amor é carregada das singularidades e pluralidades daquelas pessoas. É uma
formula que só dá certo porque tem em si os defeitos, qualidades e a essência do
casal. Então não pode ser replicado por outras pessoas.
A história de amor vivida por Gustavo era uma
história de amor simples. Ele um cara modesto, com algumas paixões modestas,
amante dos livros e das palavras. Sempre brincando de parafrasear sentimentos
em textos e contos. Muitas vezes vencido pelo jeito introspectivo ao falar, mas
desenvolto no escrever. Um cara da palavra escrita! Quando se deparou com a
garota que veio a ser o objeto de seu amor e desejo encontrou para si alento e
inspiração para seus textos. Ela se tornou a luz para suas ideias de amor, com
seu jeito firme e simples de ser. Sua admiradora, e em muitos momentos
entusiasta. Quilômetros e mais quilômetros os separavam, estavam longe para se
tocar a todo instante, mas ele a alcançava na terceira dimensão frequentada
apenas pelos amantes. Quando falando com ela era nesta dimensão que se
encontrava. E lá não havia limites para amar, as palavras dele chegavam até ela,
tocava-lhe os olhos e o coração. Sem barreiras de tempo e espaço.
Às vezes lhe vinha da duvida: É apaixonada por
mim? Ou por minhas palavras? De qualquer forma era mesmo, pois nem mesmo ele
poderia separar-se de suas palavras, elas eram puramente ele. Mas se as
palavras doces e bem escritas em prosa e verso a conquistava, como agiria ao
conhecer seus defeitos, sua arrogância e prepotência que todo ser humano traz
em si? Então tinha medo de não ser o bastante para ela. Mas tentava sempre
confiar no que ela sentia, e principalmente no que era sentido por ele.
Admiradores de sua escrita nunca lhe faltavam, de
alguma forma apesar de serem poucos, sempre tinha alguém para gostar do que ele
escrevia em de forma simples. Dela desejava o amor por completo com seus
defeitos e qualidades.
E então veio o fim! Muitas coisas foram ditas,
nenhuma chegou a ser mentira, mas também não chegaram a ser a completa face da
verdade. Foram palavras gentis. Ele inspirava paixão nela, fazia muito bem, mas
ela não conseguia se sentir a vontade no momento para viver em um
relacionamento, mas continuava apaixonada por ele, que era um cara completo,
inteligente, gentil, educado, romântico, um homem completo. Ela era a garota
que sempre pareceu perfeita para ele, mas nunca chegou a ama-lo como ele amou.
Ele disse que tudo bem, que ela fazia o certo, que agir de qualquer forma era
continuar a trair a ela mesma, o que era verdade. Que poderia continuar amigos
e tudo mais. E ela então disse a frase mais clichê: O problema era com ela, não
com ele que sempre foi tudo de bom.
Talvez pela primeira vez em muito tempo na história da humanidade esta
frase fez total sentido. Afinal ele tinha oferecido tudo que de melhor tinha,
dedicou amor, compreensão, desejo e companheirismo, ele escreveu as mais belas
cartas de amor e foi gentil. Logo se o fim chegou o problema que levou a isso
não foi da parte dele, que se esforçou ao máximo, então só restava ela, que não
pode se contentar com o mundo dele.
O fim chega de muitas formas, e não há muito que
pensar sobre ele. Ele simplesmente acontece, como tudo na vida. E Gustavo pode
entender isso!
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